Pergunte a um espanhol se ele gosta de Pedro Almodóvar. A resposta, em 80% dos casos, é negativa – pelo menos na minha amostragem pessoal feita sem nenhum caráter formal.
Mas para mim e para muita gente, Almodóvar é sinônimo de Espanha. Desde que vi o primeiro filme dele, passei a ver todos no cinema e tenho quase toda a filmografia em DVD porque AMO Almodóvar.
E, apesar de ser de Castilla y La Mancha, Almodóvar tem uma relação especial com Madrid. Junto com outros artistas, o diretor foi parte da Movida Madrileña, um movimento contracultural surgido entre finais dos anos 1970 e começo dos anos 1980, quando a Espanha passava pelo período da Transição do regime de Franco para a democracia.
Almodóvar é um dos símbolos da Movida e gravou em Madrid alguns dos seus grandes filmes. E para quem, assim como eu, é fã do diretor manchego, a grande dica é um tour pela Madrid de Almodóvar, conhecendo lugares que foram cenários para os seus filmes. Aqui tem um arquivo em PDF com um mapinha e tudo!
Meus cenários favoritos:
– Plaza de La Villa (ao lado da Plaza Mayor)
Essa inesquecível cena de Ata-me em que Ricky (Antonio Banderas) vai até a Plaza de La Villa para comprar heroína para aliviar a dor de dente de Marina (Victoria Abril), a quem ele sequestrou por amor. O problema é que ele é reconhecido pela personagem de Rossy de Palma, a quem ele roubou na noite anterior. A situação dá início a uma perseguição que segue até a Calle Del Cordón.
– Fale com ela (Cine Doré)
Difícil escolher, mas esse é um dos meus preferidos. Benigno (Javier Cámara) vai ao Cine Doré, um dos cinemas mais antigos de Madrid que continua em funcionamento e que hoje em dia é sede da Filmoteca Espanhola.
– A lei do Desejo (Centro Cultural Conde Duque)
As noites de verão em Madrid são quentes. MUITO quentes! Isso ajuda a entender porque Tina (Carmen Maura) pede que o gari que está lavando a rua também jogue água nela.
– O que Fiz Eu Para Merecer Isto? (Taberna Alhambra, Calle Victoria 9)
Um dos últimos filmes que eu vi de Almodóvar e simplesmente AMEI, morri de rir. Acho que, depois de dois anos e meio morando aqui, passei a ver de outra maneira os espanhóis e esse filme traz uma avó espanhola bem engraçada: a atriz Chus Lampreave está demais! Ainda não fui a esse bar onde foi gravada uma cena em que a avó paga um conhaque para o neto e um amigo, mas agora estou super curiosa!
– Tudo sobre minha mãe (Círculo de Bellas Artes)
É em frente ao Círculo de Bellas Artes, sobre o qual falei aqui, que Manuela (Cecília Ruth) espera o filho para ver uma peça.
– Carne Trêmula (Puerta de Alcalá)
Para mim, Carne Trêmula é o mais significativo no que se refere a Madrid. É inesquecível e marcante a cena, logo no comecinho, em que Penélope Cruz, em trabalho de parto, está no ônibus a caminho do hospital e a cidade, escura, vazia, parece linda e assustadora.
Encontrei esse vídeo que faz uma reflexão bem interessante sobre essa cena:
Todas as informações desse post foram retiradas do blog Madrider (o qual eu recomento muito), exceto pelo último filme. As imagens são da página http://todopedroalmodovar.blogspot.com.es/ , também com exceção da última, que é minha mesmo (como a baixa qualidade demonstra, rs).
Muchas gracias, Madrider, por permitirme compartirlo!
Gosto muito dos filmes do Almodóvar! Não entendo porque os espanhóis não gostam tanto assim…rs. Beijos!
Pois é, não consigo entender. Mas tem muita gente aqui que é como no Brasil, detesta o cinema nacional sem nem dar uma oportunidade. Pelo menos essa é a sensação que eu tenho às vezes em conversas com amigos!
Eu gosto do cinema brasileiro, acho que melhorou muito nos últimos tempos. Temos que aprender a gostar do que é bom, independente de onde é, né? Beijos e boa semana pra você!! 🙂
Sem dúvida! Vamos tentar marcar aquele encontro hispano-brasileiro, rs!? 😉